sexta-feira, 29 de março de 2013



 
 
  John William Waterhouse nasceu em 6 de abril de 1849. Foi um pintor famoso por seus quadros representando personagens femininas da mitologia e da literatura. Filho de artistas nasceu na Itália, mas mudou-se quando jovem para a Inglaterra. Suas primeiras pinturas foram influenciadas pelo neoclassicismo vitoriano. Se no princípio da carreira se dedicou a temas da Antiguidade Clássica, mais tarde debruçou-se por temas literários, sempre com um estilo suave e misterioso. Morreu em 10 de fevereiro de 1917.
 

  

 
 
A Dama de Shallot ( The Lady of Shallot) (1888), óleo sobre tela de John William Waterhouse. Dimensões: 153 cm X 200 cm. Tate Gallery ( Londres-Inglaterra).






Análise Descritiva:

 O pintor retrata uma moça de face alva, mechas capilares compridas soltas e loiras com uma tiara feita supostamente do mesmo tecido do vestido, posta em seus cabelos rodeando sua fronte. Trajando uma veste branca descrevendo curvas ondulantes sobre o pequeno corpo, parte da vestimenta recobre o braço totalmente, entorno destes há uma faixa com composição quadricular em cores douradas. Ao redor do pescoço da jovem há três colares revestidos em dourado rente a gola do vestido, há uma tira negra de largura mediana feita de tecido, couro ou outro material, que se passa em torno da cintura com uma só volta e que é atada ou presa com um laço ou outro fecho.

 A jovem sustenta em sua mão direita uma corrente composta por pequenas argolas aparentemente enferrujadas promovendo ligação a algumas plantas aquáticas verde-claras e amareladas presentes no lago de coloração escura, enquanto que a mão esquerda está curvada sobre o espaço formado pelo abdome e as coxas quando o corpo está sentado sobre uma embarcação adornada de mantas de cores quentes, como o vermelho e cores complementares, como o amarelo e o laranja com detalhes azulados nas extremidades, como cor secundária. Parte da manta laranja estende-se pela área externa do pequeno barco de cores frias o qual predomina o preto. A manta retrata um conto no qual a primeira cena representa uma moça de vestes amarelas em frente a um castelo de paredes negras e ao fundo um céu ensolarado e em seguida três cavaleiros revestidos de armadura, elmos, escudos e espadas sobre cavalos brancos e o céu também encontra-se iluminado pela luz solar.

 A embarcação na qual a moça encontra-se é negra, possui uma inscrição desconhecida e nela, além das mantas, há três velas alvas e apenas uma contém labareda. Próximo à proa há um pequeno crucifixo onde a imagem de Jesus foi retratada, também se sucede um detalhe talhado em cor dourada desenhado de forma sinuosa onde predominam as curvas e atado a ele há uma candeia prateada delineada por curvas suaves e requintadas, envidraçada, que fornece uma luz de pouca intensidade.

 O lago de águas azuis escuras, nas quais o barco navega, possui uma variedade de flora aquática predominantemente amarelada. Além disso, há dois pardais de peitoral branco planando próximo à vegetação mais alta do lago, perto da moça.

 Anterior à embarcação há um pequeno lance de escadas de três ou quatro degraus consistindo de cores neutras, como a cor cinza. Recoberto pelo depósito de terra misturada a certa matéria orgânica, que se efetua das águas do lago que levam a uma porção de terra não tão extensa cercada de água por todos os lados. Esta porção de terra é confinada por uma vegetação alta e árvores de porte médio próximas umas das outras tornando o ambiente junto ao solo escuro. As folhagens têm tons verde-escuros e os caules, tonalidades marrom-escuros.

 Ao fundo, nas margens do lago, há um ambiente coberto por grama e árvores de portes maiores, com leves pinceladas de verde-claro. Próximo ao horizonte há um monte resguardado por vegetações. No céu, há algumas nuvens e através delas manifesta-se uma luz alaranjada.

Análise Interpretativa:

 A feição da bela jovem de tez alva e lábios em tom coral, aparenta aflição, agonia e melancolia, sensação de desgosto, enfado, ou vazio, sem causas objetivas claras. Produzido por algo que tende a se arrastar, prolongando-se demasiadamente. As madeixas douradas recaem sobre seus ombros atingindo a cintura e aparentam esvoaçar conforme a brisa. E assim como seus cabelos, ela é adornada por peças artisticamente banhadas a ouro, trabalhadas com requinte minucioso. Ostentando nobreza e/ou valiosa fortuna. Que sugere ou evoca felicidade que tem bela, mas, ilusória aparência idealizada.

 A veste branca torna a figura feminina pura, inocente, que denota candura. A corrente em sua mão faz alusão há um grilhão ao qual a moça é aprisionada a pequena ilha.

 No entanto, as mantas de cores quentes estão em destaque na cena. Assim como a que se estende a área externa da embarcação. Repousando as extremidades na água exibe um conto ilustrado, evidenciando o que parece ser a própria historia de vida da jovem.

Os dois pardais que planam entre a vegetação aquática próxima a moça representando a docilidade, pacificidade e singeleza a qual é apreciado na composição em que os personagens figuram-se na ação.

 A embarcação tem a cor do ébano e nela há três velas e apenas uma ilumina o meio, assim como a candeia que sonda a escuridão na proa do barco. Tende a ser uma luta árdua contra os males do mundo o qual vive. Além destes, há um crucifixo com a imagem de Jesus referente à importância da ideologia cristã. Faz menção a tormenta ou tortura em termos emocionais ou morais. A mortificação, sacrifício sobre o terreno e o material.

 As águas de coloração escura, carregadas de negrume e leves azulados são tranquilas, parecem absorver todos os raios luminosos visíveis incidentes. Fazem alusão a algo difícil, perigoso que envolve a pequena porção de terra. A pequena ilha é acessível apenas por uma breve escadaria que possui entre outros tons foscos que conduzem a um ambiente de escassez de iluminação, determinado pela vegetação densa que induz ser úmido. Oriundo de um desequilíbrio físico, que apresenta alguma anormalidade, languidez.

 Próximo ao horizonte na outra margem do lago, o verdor afigura o vigor e força com o qual os raios solares atingem o solo. O céu é coberto por nuvens e parece estar ensolarado pela fonte do crepúsculo. A área rica e viçosa deve ser destinada à família nobre. Portanto, região delimitada aos aristocratas que se distinguem por sua solenidade, pompa, voltada aos generosos e magnânimos senhores.
Santa Eulália (Saint Eulalia) (1885), óleo sobre tela de John William Waterhouse. Dimensões: 188 cm X 116,8 cm. Tate Gallery(Londres-Inglaterra).


Análise Descritiva:

 Esta obra nos leva a analisar, primeiramente, a figura de uma jovem mulher, morta, com os braços abertos em forma de cruz, o corpo sobre o chão coberto de neve. Seus cabelos são ondulados e estão soltos de maneira embaraçada sobre o chão. O tronco superior da jovem está despido, sendo que metade de seu corpo está coberta com uma manta vermelha com vários flocos de neve. Ao seu redor estão vários pombos de cores branca e cinza. Várias pessoas parecem estar assustadas e estão se aproximando para vê-la. Estas se aproximam revestidas de vestimentas Greco-romanas, há soldados de armaduras que caracterizam o estilo romano, observadas por seus elmos vermelhos e mantas de mesma coloração. Os soldados adotam posturas rígidas.

 Podemos perceber ao fundo da imagem, construções da arquitetura clássica, com a presença de capitéis do estilo dórico (as colunas e os orçamentos são simples e maciços) e o estilo jônico (as colunas e os orçamentos tem mais leveza e são mais ornamentados que a dórica). Atrás dessas colunas, algumas pessoas estão escondidas, observando toda a cena apresentada. Bem à frente da moça jazida ao chão, há uma pessoa de joelhos com uma coberta branca sobre a sua cabeça e com as mãos cruzadas. Várias pessoas estão trajando peças com cobertas sobre o corpo, nas quais predominam o vermelho e o branco.  

 A figura da jovem, dos soldados e das pessoas apresenta-se de modo equilibrado. As cores são consideradas frias, poucas são as que pertencem às classes primárias e secundárias e as mais predominantes são: o vermelho (presente na capa da jovem principal, por parte nas suas nas madeixas e nos trajes das pessoas), o branco (presente na cor dos pombos, em algumas roupas e principalmente presente na neve caindo sobre o local) e o marrom (presente no conjunto das roupas dos soldados e de algumas construções).

 Análise Interpretativa:

 A imagem nos revela um sentimento de angústia e curiosidade por parte das pessoas, direcionada a figura central que se trata da jovem inerte, parcialmente despida, apenas com um manto vermelho sobre os membros inferiores. Um dos pulsos da jovem está amarrado a uma corda que logo em seguida parece ter sido cortada e o outro pulso tem uma tonalidade púrpura, o que leva a acreditar que foi torturada.

Muitas pessoas parecem estar chegando ao local para vê-la. Suas feições estão atormentadas, inquietas, curiosas e lastimáveis. Algumas parecem estar admiradas com a quantidade de pombos na região que estão concentrados, principalmente, ao redor da moça. Inclusive um garoto que parece estar chamando a atenção de um senhor ao seu lado, o qual provavelmente é um parente próximo. O menino aponta para o céu, aparentemente para um pombo voando sobre o local.

 Algumas pessoas estão sussurrando uma nos ouvidos das outras. Bem a frente da jovem está uma pessoa de joelhos com a cabeça baixa e com uma coberta branca ocultando seu rosto. Suas mãos estão postas unidas, aludindo o processo de oração e/ou lamento pela morte que está sendo presenciada.

 Para chegar ao local onde a moça se encontra caída, as pessoas precisam subir em certos degraus e passar pelos soldados, que estão em guarda, segurando por entre as mãos uma espécie de lança, aparentemente protegendo a região e indiferentes a jovem que jaz ao chão, nos leva a defender a ideia de que o local pertence a uma corte, na qual deve ter provido o mandato de morte da moça.